quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Diálogos que contam histórias da mitologia grega + Rap dos Deuses do Olimpo


Depois de uma manhã de estudos bastante cansativa, Matutinho chegou em casa ansioso para contar à mãe o que havia aprendido na aula de Filosofia.
- Cheguei, mainha! Adivinhe o que a fessôra de filosofia contou hoje na escola???
- O que, minino?
- Ela disse que a beleza veio de um bigulin.
- Como é, rapaz?
- Ela tava falando de um tal de mito, mas pense num negoço doido, mainha! Xô explicar...  Foi assim: o tal do deus Céu num deixava de jeito ninhum  que os fii dele visse a claridade e os bixin tudin ficava preso num buraco na Terra, e essa póbi sentia umas dor que armaria, porque ela tava guardando dentro dela os mini deusezin que iam crescê, e num era preles ficarem muito tempo ali não.
- E aí infiliz, como foi que eles saíru de dento da Terra?
- Um dos bixin que tava preso, o Crono, pensou num jeito de sair dali: ele torô o pinto do pai dele, o Céu, e rebolô no mar.
- Que djabo de história maluca é essa? Mair minino, eu acho que tu tá é indoidano.
- Ora indoidano! Pensa que acabou aí é mainha?
- Oxente, e num acabô não?
- Nam. Do golpe que Crono deu no próprio pai, o planeta todin foi respingado pelo sangue de Céu e aí nasceru as Erínias, e são elas que faz acontecê a justiça quando tem um crime na família. Vamo dizê: se o filho mata o pai, é elas que  faz ele pagá pelo crime que cometeu... Siiim! Quaisque eu misquicia. O pinto de Céu foi boiando no mar por um montão de tempo, e se formô uma ispuma do lado desse bigulin, e diga o que aconteceu? Nasceu foi a mair bunita das deusa, Afrodite, que cuida da beleza e do amor.
- Eu acho que essa fessôra tá é abirobada. Num tem cabimento não, timóte!
- Nam mainha, dêr de coisa. Xô terminá de contá, omi, esse danado desse mito... Crono tava se pelano de medo dos fii dele com a muié, chamada Reia, tumá o pudê que ele tinha, e sabe qual foi a ideia que ele teve pro mó de evitá isso?
- Hum? Diga logo, praga , que agora eu tô curiosa, e tô cheia de roupa pra lavá e tu fica aí inrolano.

- Tá bom. Ele fez foi ingulir os bixin tudin, aí a póbi de Reia morria de pena toda vez que ele comia. Pois pronto, ela pegô e foi parir longe de Crono, e num é que deu certo? O nenenzin, que já era deus, nasceu e se criô lá nas brenha, na ilha de Creta. Quando ele já era um omi feito, voltô pra junto da mainha dele, pra soltar os irmão e os tio de dento do istômago do pai, Céu. Esse deus, Zeus, que libertô esses coitado, ganhô o pudê do raio, do relâmpago e do truvão. Com essa ruma de coisa, ele conseguiu tirar Crono, o pai dele, do trono, e se tornô o deus principal. Foi por isso que ele virô o maió garanhão da Grécia, o caba pegava as moça tudinha! Deusa, semideusa, tudo que era muié nesse mundo. Ah se eu tivesse essa sorte... Eu num ficava soltêro nem a pau!


- Minino, pense numa história arretada! Tá bom, agora eu vô cuidá na vida que eu tenho muita coisa pra fazer.
- E eu vô mimbora que eu tô ino almuçar com Juninho lá na cidade. Xau, mainha! Inté!

Após almoçarem, Juninho e Matutinho estavam a caminho do campo de futebol que ficava na praça do bairro, quando foram surpreendidos por dois indivíduos numa tentativa de assalto. Juninho, aterrorizado, logo exclamou:
- Corre, Matutinho, corre!
Depois de terem despistado os assaltantes, Matutinho perguntou:
- Ô Juninho, pra que essa carrêra todinha, omi?
- Pô, mano, cê é cego? Aqueles cara tavam atrás de assaltar a gente.
- Armaria, ô mundo cruel! Por que será que existe tanta maldade, hein, Juninho?
- Também queria saber.

No dia seguinte, durante a aula de Filosofia, os meninos narram o ocorrido e expõem o questionamento:
- Professora, por que existe tanta maldade?
- É uma longa história, queridos alunos... Segundo o mito, um deus, o Prometeu, certo dia roubou o fogo, pois apenas os deuses tinham acesso a tal elemento, e o entregou aos humanos (que na época se restringiam a homens) para que eles pudessem usufruí-lo nas mais diversas situações, como na defesa de animais e no aquecimento, quando as noites fossem frias. Só que esse roubo despertou a tremenda fúria de Zeus, o rei dos deuses, que, por sua vez, logo pensou em uma maneira de castigar a humanidade: ordenou que Hefesto, o deus ferreiro, com o auxílio de Atena, a deusa grega da sabedoria e da guerra, gerasse uma perfeita mulher, a Pandora...
- Peraí, professora, então quer dizer que a mulher teria que ser dotada de muito conhecimento?
- De acordo com a mitologia grega, sim. Mas, prosseguindo... cada deus concedeu um dom especial a Pandora, que significa em grego “todos os dons”. Atena lhe deu habilidades que convinham ao seu gênero, como a arte de tecer; Afrodite a fez muito bela e sedutora, mas Hermes fez com que ela pudesse falar e mentir. Então, Zeus entregou uma caixa bem fechada, e mandou que Pandora levasse este objeto de presente a Prometeu. Todavia, ele não quis receber nem Pandora, nem a caixa, e recomendou a seu irmão, Epimeteu, que também não aceitasse nada vindo de Zeus. Então, o rei dos deuses ofereceu aquela deslumbrante mulher a Epimeteu. Sem levar em consideração o que seu irmão lhe havia dito, ele foi seduzido por Pandora e acabou se casando com ela.
- Mas a tal vingança foi Prometeu ter perdido a mulher para o irmão?
- Não. O pior ainda está por vir. A caixa que Pandora levava consigo estava proibida de ser aberta. Porém, a curiosidade dela foi tão grande que um certo dia ela pensou: “Vou levantar só um pouquinho da tampa” para ver o que estava escondido ali dentro. E sabem o que aconteceu?
- Conta logo, professora.




- Imediatamente escaparam por aquela brecha todos os males até então desconhecidos pelos homens: guerras, doenças, mentiras, roubos, ódio, ciúmes... Muito assustada, Pandora tampou a caixa o mais rápido que pôde, mas era tarde demais: as desgraças já haviam se espalhado, como castigo aos homens. Lá no fundo da 'caixa de Pandora' estava uma coisa que ocupava pouquíssimo espaço, a esperança. Por isso, a frase “a esperança é a última que morre” ficou famosa. E é graças a ela, a qual está guardada no fundo dos nossos corações, que nós humanos não desistimos de expulsar os maus instintos de nossas vidas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário