terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Resultado da enquete: "Para Pitágoras, cada elemento possui um número?"


Para ele, tudo possui um número (arithmós arkhé) em sua composição; o número expressa a "fórmula", a constituição íntima desta coisa. Vale ressaltar que as leis que governam o cosmos estão também conectadas por relações matemáticas.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Diálogos que contam histórias da mitologia grega + Rap dos Deuses do Olimpo


Depois de uma manhã de estudos bastante cansativa, Matutinho chegou em casa ansioso para contar à mãe o que havia aprendido na aula de Filosofia.
- Cheguei, mainha! Adivinhe o que a fessôra de filosofia contou hoje na escola???
- O que, minino?
- Ela disse que a beleza veio de um bigulin.
- Como é, rapaz?
- Ela tava falando de um tal de mito, mas pense num negoço doido, mainha! Xô explicar...  Foi assim: o tal do deus Céu num deixava de jeito ninhum  que os fii dele visse a claridade e os bixin tudin ficava preso num buraco na Terra, e essa póbi sentia umas dor que armaria, porque ela tava guardando dentro dela os mini deusezin que iam crescê, e num era preles ficarem muito tempo ali não.
- E aí infiliz, como foi que eles saíru de dento da Terra?
- Um dos bixin que tava preso, o Crono, pensou num jeito de sair dali: ele torô o pinto do pai dele, o Céu, e rebolô no mar.
- Que djabo de história maluca é essa? Mair minino, eu acho que tu tá é indoidano.
- Ora indoidano! Pensa que acabou aí é mainha?
- Oxente, e num acabô não?
- Nam. Do golpe que Crono deu no próprio pai, o planeta todin foi respingado pelo sangue de Céu e aí nasceru as Erínias, e são elas que faz acontecê a justiça quando tem um crime na família. Vamo dizê: se o filho mata o pai, é elas que  faz ele pagá pelo crime que cometeu... Siiim! Quaisque eu misquicia. O pinto de Céu foi boiando no mar por um montão de tempo, e se formô uma ispuma do lado desse bigulin, e diga o que aconteceu? Nasceu foi a mair bunita das deusa, Afrodite, que cuida da beleza e do amor.
- Eu acho que essa fessôra tá é abirobada. Num tem cabimento não, timóte!
- Nam mainha, dêr de coisa. Xô terminá de contá, omi, esse danado desse mito... Crono tava se pelano de medo dos fii dele com a muié, chamada Reia, tumá o pudê que ele tinha, e sabe qual foi a ideia que ele teve pro mó de evitá isso?
- Hum? Diga logo, praga , que agora eu tô curiosa, e tô cheia de roupa pra lavá e tu fica aí inrolano.

- Tá bom. Ele fez foi ingulir os bixin tudin, aí a póbi de Reia morria de pena toda vez que ele comia. Pois pronto, ela pegô e foi parir longe de Crono, e num é que deu certo? O nenenzin, que já era deus, nasceu e se criô lá nas brenha, na ilha de Creta. Quando ele já era um omi feito, voltô pra junto da mainha dele, pra soltar os irmão e os tio de dento do istômago do pai, Céu. Esse deus, Zeus, que libertô esses coitado, ganhô o pudê do raio, do relâmpago e do truvão. Com essa ruma de coisa, ele conseguiu tirar Crono, o pai dele, do trono, e se tornô o deus principal. Foi por isso que ele virô o maió garanhão da Grécia, o caba pegava as moça tudinha! Deusa, semideusa, tudo que era muié nesse mundo. Ah se eu tivesse essa sorte... Eu num ficava soltêro nem a pau!


- Minino, pense numa história arretada! Tá bom, agora eu vô cuidá na vida que eu tenho muita coisa pra fazer.
- E eu vô mimbora que eu tô ino almuçar com Juninho lá na cidade. Xau, mainha! Inté!

Após almoçarem, Juninho e Matutinho estavam a caminho do campo de futebol que ficava na praça do bairro, quando foram surpreendidos por dois indivíduos numa tentativa de assalto. Juninho, aterrorizado, logo exclamou:
- Corre, Matutinho, corre!
Depois de terem despistado os assaltantes, Matutinho perguntou:
- Ô Juninho, pra que essa carrêra todinha, omi?
- Pô, mano, cê é cego? Aqueles cara tavam atrás de assaltar a gente.
- Armaria, ô mundo cruel! Por que será que existe tanta maldade, hein, Juninho?
- Também queria saber.

No dia seguinte, durante a aula de Filosofia, os meninos narram o ocorrido e expõem o questionamento:
- Professora, por que existe tanta maldade?
- É uma longa história, queridos alunos... Segundo o mito, um deus, o Prometeu, certo dia roubou o fogo, pois apenas os deuses tinham acesso a tal elemento, e o entregou aos humanos (que na época se restringiam a homens) para que eles pudessem usufruí-lo nas mais diversas situações, como na defesa de animais e no aquecimento, quando as noites fossem frias. Só que esse roubo despertou a tremenda fúria de Zeus, o rei dos deuses, que, por sua vez, logo pensou em uma maneira de castigar a humanidade: ordenou que Hefesto, o deus ferreiro, com o auxílio de Atena, a deusa grega da sabedoria e da guerra, gerasse uma perfeita mulher, a Pandora...
- Peraí, professora, então quer dizer que a mulher teria que ser dotada de muito conhecimento?
- De acordo com a mitologia grega, sim. Mas, prosseguindo... cada deus concedeu um dom especial a Pandora, que significa em grego “todos os dons”. Atena lhe deu habilidades que convinham ao seu gênero, como a arte de tecer; Afrodite a fez muito bela e sedutora, mas Hermes fez com que ela pudesse falar e mentir. Então, Zeus entregou uma caixa bem fechada, e mandou que Pandora levasse este objeto de presente a Prometeu. Todavia, ele não quis receber nem Pandora, nem a caixa, e recomendou a seu irmão, Epimeteu, que também não aceitasse nada vindo de Zeus. Então, o rei dos deuses ofereceu aquela deslumbrante mulher a Epimeteu. Sem levar em consideração o que seu irmão lhe havia dito, ele foi seduzido por Pandora e acabou se casando com ela.
- Mas a tal vingança foi Prometeu ter perdido a mulher para o irmão?
- Não. O pior ainda está por vir. A caixa que Pandora levava consigo estava proibida de ser aberta. Porém, a curiosidade dela foi tão grande que um certo dia ela pensou: “Vou levantar só um pouquinho da tampa” para ver o que estava escondido ali dentro. E sabem o que aconteceu?
- Conta logo, professora.




- Imediatamente escaparam por aquela brecha todos os males até então desconhecidos pelos homens: guerras, doenças, mentiras, roubos, ódio, ciúmes... Muito assustada, Pandora tampou a caixa o mais rápido que pôde, mas era tarde demais: as desgraças já haviam se espalhado, como castigo aos homens. Lá no fundo da 'caixa de Pandora' estava uma coisa que ocupava pouquíssimo espaço, a esperança. Por isso, a frase “a esperança é a última que morre” ficou famosa. E é graças a ela, a qual está guardada no fundo dos nossos corações, que nós humanos não desistimos de expulsar os maus instintos de nossas vidas.



quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Diferença entre mito e filosofia, segundo Marilena Chaui

“Confrontando-se as narrativas míticas e a filosofia dos pré-socráticos, há uma série de diferenças que é preciso salientar. Em primeiro lugar, enquanto os mitos buscavam narrar como as coisas teriam acontecido em uma época longínqua e imemorial, muito antes do tempo presente, os filósofos se incumbiram da tarefa de explicar as características da realidade de qualquer tempo, seja ele passado, presente ou futuro. Em segundo lugar, é próprio dos mitos falar sobre a origem de todas as coisas referindo-se a genealogias divinas, ou então a rivalidades e alianças entre os deuses. Como vimos, os mitos explicam a origem das estações do ano por meio de um incidente envolvendo os deuses Hades, Deméter e Perséfone, da mesma forma que atribuem o surgimento dos males terrenos à rivalidade entre Zeus e Prometeu. A filosofia, por outro lado, evita recorrer a causas sobrenaturais, esforçando-se por encontrar na própria natureza as causas do surgimento dos seres e de suas transformações. E, em terceiro lugar, se as narrativas míticas não estavam livres de contradições, e caracterizavam-se pelo seu conteúdo fabuloso e muitas vezes incompreensível, os filósofos, por sua vez, não aceitam contradições em suas ideias, nem se utilizam de explicações fabulosas ou misteriosas. Ao contrário dos mitos, que têm sua autoridade baseada na pessoa que o narra – geralmente alguém a quem se atribui uma revelação divina –, a filosofia fundamenta sua autoridade na razão comum a todos os seres humanos, e por isso constitui um discurso coerente, lógico e racional.”




Impressões iniciais sobre mito e filosofia

     Mito e filosofia são duas maneiras de obtenção de conhecimentos ou soluções para problemas diferentes, mas ocorre, certas vezes, de haver confusão entre estes dois termos ou até mesmo de mito filosofia serem considerados sinônimos.

       A filosofia é diferente do mito, essencialmente, por sua enfatizar os argumentos racionais. Então, a filosofia não aceita conceitos ou respostas apenas porque são predefinidos pela sociedade. Ela busca uma explicação lógica para os fenômenos e geralmente faz experiências para provar os resultados que foram encontrados.


     Já os mitos são narrativas de caráter simbólico utilizadas pelos gregos antigos para explicar fenômenos naturais, as origens do mundo e do homem ou até mesmo conflitos da própria realidade que não eram compreendidos por estes povos através de deuses (que tomavam atitudes humanas) ou heróis. O mito era narrado por alguém da mais alta confiança dos populares, o poeta-rapsodo. Ele "era" escolhido pelos deuses para transmitir aos humanos a versão verdadeira dos fatos e dúvidas polêmicos segundo os deuses, portanto na narração do mito pode haver contradições, pois o que é afirmado por um deus não abre margem para discussões ou dúvidas, já que eles são algo maior, autoridades. Exatamente na contramão da filosofia, em que não pode haver contradições, tudo tem que ser explicado de maneira coerente com base nos elementos naturais, jamais em fabulações.


    Em suma, o mito e a filosofia procuram obter soluções para problemas ou explicações para diversos fenômenos de maneiras opostas, porém isso não quer dizer necessariamente que o mito seja uma mentira, é importante frisar.